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Foto do escritorMiguel Rossetto

A destrutiva infantilização do Rio Grande

Atualizado: 13 de mar.

Ontem, o vice-governador Gabriel Souza publicou um vexatório artigo no qual compara o RS a uma criança de três anos e meio que está cruzando a etapa das fraldas


Miguel Rossetto
Miguel Rossetto

Ontem (28), o vice-governador Gabriel Souza publicou um vexatório artigo no qual compara o RS a uma criança de três anos e meio que está cruzando a etapa das fraldas (sic). A isto chegou o debate público no estado do Rio Grande do Sul.


A constrangedora infantilização do debate político não se limita ao exótico exemplo escolhido, mas à pretensão de lidar com o público como crianças incapazes de um raciocínio minimamente complexo. Para justificar o aumento de impostos dos decretos governamentais, o vice elenca três razões. E elas são inacreditáveis.


Primeiro, é o fato de que há apenas três anos o funcionalismo começou a receber em dia, depois de 57 meses de atraso. Não diz que todos estes meses eram dos seus governos. De Sartori, do seu partido, o MDB, e do próprio Leite, do qual é vice. É ou não subestimar o público?


Segundo, a queda da arrecadação estadual por conta do ato eleitoral de Bolsonaro. Não diz que Lula já compensou estados e municípios e as alíquotas estaduais foram reajustadas. Terceiro, a retomada do pagamento da dívida com Brasília; novamente não fala que foi o governo Leite que assinou este acordo com Bolsonaro e anunciou na campanha eleitoral, e depois dela, que o Rio Grande estava ajustado.


Mas além dos infantis argumentos do vice-governador, há uma realidade sombria. Os aumentos de impostos nos alimentos aumentarão a cesta básica (Dieese) de R$ 739,18 para R$ 802,40. A cesta básica que já é a mais cara do país ficará ainda mais cara aumentando o gasto das famílias.


O impacto sobre a economia também não tem nada de infantil. As cadeias de alimento (a maior do estado com 22% da produção e 21% do emprego) e a cadeia das máquinas e implementos (com 20% da produção e 17% do emprego) sofrem impacto direto com ameaça de fechamento de unidades e mudança para outros estados. É uma espécie de guerra fiscal ao contrário, na qual as ações do governo expulsam empresas ao invés de atraí-las. Somente nessas duas cadeias são 264 mil empregos em jogo.


Dada a gravidade da situação e puerilidade das análises oferecidas, é de se perguntar: sobrou algum adulto no governo?


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